Não sei muito a respeito do "Satyro Vaz", afinal ja se completaram 70 anos do seu falecimento, pouco que ouvi falar são os relatos dos nossos avós e dos Martins (nossos primos), Paulo Martins a quem sou muito grato pela sua atenção e boa memória é claro, contava vários detalhes que muito me ajudaram a entender o contexto da história local, mas muitos desses detalhes se perderam no tempo, a não ser o local das antigas paineiras, onde se localizava o "Pouso de tropas do Satyro", como era chamado pelos antigos. Essas gigantes arvores que ainda resistem ao tempo testemunharam uma boa parte de sua vida por esse caminho de tropas, e por debaixo delas passaram muitos tropeiros desde a época do Coronel Frederico Martins, até o inicio da década de 30, sejam transportando cargas ou conduzindo tropas de animais, pela antiga estrada de acesso a Itapetininga, a partir desse período as tropas entraram em decadência na nossa região, era na verdade os efeitos da Revolução Industrial que havia chegado e muitos não entendiam oque estava acontecendo, outro fato que impactou grandemente foram as mudanças das rotas (antigas estradas), oque inviabilizou de vez esse tipo de serviço oferecido, que eu considero um dos meios de hospedagens mais antigo do nosso município, apesar de não ser muito confortável, principalmente em noites frias e chuvosas. "O tropeiro pousava ao ar livre, sobre a carona dos arreios, coberto pelos pelegos e poncho, apoiando a cabeça no lombilho, em barracas ou no interior de fortalezas construídas com as canastras, bruacas, arreios etc. Proprietários cobravam dos tropeiros, pelo uso de seus ranchos e potreiros".
Nesse local Satyro criou praticamente todos os seus filhos, eram aproximadamente 10, na sua velhice e em busca de melhorias, mudou-se para uma pequena propriedade as margens do córrego Imbiruçu, próximo do centro da cidade de Capão Bonito, onde frequentemente era visto montado em seu cavalo pelas ruas da cidade.
Glossário
Lombilho um tipo de arreio de cabeceira inclinada, qual servia de apoio para prender as pernas, muito utilizado para doma pelos tropeiros do passado.
Texto: Pedro Antonio Junior
